2 de maio de 2024
Popeye

Substância contida no espinafre pode causar doping, revela estudo

Pesquisadores concluem que a ecdisterona, presente no espinafre, melhora o desempenho físico em até três vezes e recomendam que Agência Mundial Antidoping (Wada) proíba seu uso por atletas

No mundo dos quadrinhos e dos desenhos animados, o marinheiro Popeye ganha força extra sempre que come espinafre. Cientistas da Universidade Livre de Berlim descobriram que isso não é apenas ficção. Após um estudo, eles recomendam às autoridades anti doping que a ecdisterona – substância química presente no espinafre – seja adicionada à lista de doping.

O Instituto de Farmácia da universidade conduziu um programa de treinamento de força ao longo de dez semanas com 46 atletas de forma testar como a substância afeta o desempenho físico. Para comparação, parte dos participantes recebeu placebos, enquanto outros ingeriram cápsulas de ecdisterona contendo o equivalente a até 4 quilos de espinafre cru por dia.

Espinafre

Durante a pesquisa – apoiada pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) -, foram registrados em atletas que receberam o suplemento um aumento até três vezes maior que os colegas que tomaram o placebo.

O estudo é o primeiro no país a provar a ligação entre a ecdisterona do espinafre e a melhora significativa do desempenho físico, embora pesquisas anteriores em outros países tenham chegado a conclusões semelhantes.

“Por experiência, sabíamos que haveria um aumento no desempenho, mas não esperávamos que a diferença fosse tão grande”, disse Maria Parr, do Instituto de Farmácia da Universidade de Berlim, em entrevista à imprensa.

De acordo com a pesquisadora, os resultados indicam que a ecdisterona deveria pertencer à lista de substâncias proibidas para atletas. “Recomendamos em nosso relatório que a substância seja adicionada à lista de doping da Wada, pois achamos que, se ela aumenta o desempenho, essa vantagem injusta deve ser eliminada”, acrescentou.

A decisão final ficará a cargo de um corpo de especialistas da agência anti doping e só deve ser tomada após uma investigação mais aprofundada sobre quanto o uso da substância é difundido no esporte profissional.

Para Fritz Sörgel, especialista em combate ao doping, são necessários que mais estudos devem ser realizados sobre as propriedades de outras plantas. “No passado, não podíamos analisar esse tipo de substância com o mesmo nível de precisão de hoje”, disse ele em entrevista à rádio alemã Deutschlandfunk.

“Atualmente, temos métodos analíticos que possibilitam extrair substâncias de plantas que também poderiam ter um impacto. Desta forma, este estudo é realmente apenas o começo”, conclui.

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