4 de dezembro de 2024

5 cuidados essenciais com sua bike após pedalar na chuva

Resista a tentação de simplesmente largar sua bicicleta molhada na garagem, evitando uma série de problemas futuros

Com o período das chuvas em seu auge, aumentam os cuidados que devemos ter com nossas bicicletas. Após pedalar sob chuva, resista a tentação de simplesmente largá-la na garagem e realize alguns procedimentos simples que evitarão problemas como oxidação de seus delicados componentes, comprometendo a performance e até mesmo seu funcionamento:

Enxague a bike com água limpa

Ao contrário do que possa parecer, a água da chuva, principalmente a que ocorre nas cidades, está longe de ser pura. Em contato com agentes poluidores existentes no ar, como o monóxido de carbono expelido pelos automóveis e por partículas de enxofre e azoto reativo, o líquido pode reagir com a pintura do quadro e contribuir para a oxidação prematura de componentes metálicos da bicicleta.

Este efeito pode ainda ser agravado pelo contato com a água que corre pelo asfalto, que contém uma série de detritos particularmente danosos para a saúde da nossa companheira de pedaladas.

Utilize um balde ou mangueira de baixa pressão para enxaguar a bike, evitando jatos diretos sobre os cubos, caixa de direção e movimento central

Para evitar maiores consequências nefastas, uma boa prática é enxaguar a bike após a mesma pegar chuva, com o auxílio de um balde ou mangueira de baixa pressão.

Durante o procedimento, dê uma especial atenção à parte inferior da bike, onde ocorre maior acúmulo de detritos.

Escoe a água infiltrada

Por ser um líquido de baixíssima viscosidade, a água sempre acha um meio de penetrar no interior do quadro da bike, não importa o quão bem ele possa estar ‘selado’ do ambiente exterior. Uma vez em seu interior, a água acumulada pode enferrujar rolamentos e roscas internas.

Sob chuva torrencial, a água pode penetrar no interior do quadro por pelo menos três locais críticos:

  1. Pelo tubo do selim;
  2. Pela parte superior do tubo da caixa de direção;
  3. Pelo tubo da caixa do movimento central (no caso de se trafegar por vias alagadas).

Para evitar que a água penetre pelo tubo do selim, uma boa dica é selar o mesmo com o auxílio de um pedaço de câmara de ar velha.

No caso do tubo da caixa de direção, o maior risco ocorre quando a água se acumula sobre o rolamento inferior da mesma, causando sua corrosão e consequente inutilização.

Este risco é particularmente real em caixas de direção de má qualidade, que não utilizam retentores para evitar a entrada de água e impurezas. Para evitar isto, dê preferência por utilizar caixas de direção que utilizem rolamentos selados.

Já no terceiro caso, o risco de dano aumenta pelo fato de que a caixa de centro da bicicleta fica a uma altura próxima a dos cubos das rodas, podendo comprometer também este componente. Se esta situação for inevitável, procure o quanto antes uma oficina mecânica para promover uma revisão completa em sua bicicleta.

A água acumulada no interior do quadro pode causar problemas de oxidação no mesmo e nos componentes da bicicleta

É importante salientar que o que pode danificar sua bike não é a água que penetra em seu interior e se escoa normalmente, mas sim a que fica acumulada dentro dela. Assim, uma boa dica é, após a pedalada, virar a bicicleta de cabeça para baixo por alguns minutos, de forma que a água que porventura esteja represada em seu interior possa escoar pelos orifícios do quadro (a maioria das bicicletas possui dois pequenos orifícios próximos a junção dos stays do quadro, que servem como dreno). Após esta operação, seque sua bike e passe para o próximo tópico.

Limpe e lubrifique a corrente

Por estar em constante uso, nenhuma peça da bike é mais sensível ao desgaste que a corrente de transmissão. Graças ao seu constante atrito com outras peças metálicas e com seus próprios componentes, a corrente é extremamente sensível à oxidação. Em contato com a água, lama e detritos, a corrente poderá facilmente enferrujar se não tomarmos os devidos cuidados com ela.

Após a pedalada, seque completamente a corrente com um pano que não solte fiapos. Caso a mesma esteja muito impregnada de sujeira, utilize antes da secagem algum desengraxante rápido, como o spray Algoo Bio Degreaser e, em seguida, aplique o lubrificante de sua preferência.

É muito importante que a corrente esteja completamente limpa e seca antes da aplicação do lubrificante

“É muito importante que a corrente esteja completamente limpa e seca antes da aplicação do lubrificante. Uma boa prática é secar a corrente com jatos de ar comprimido mas, caso isto não seja possível, seque-a o melhor possível e deixe o restante da umidade evaporar de um dia para o outro antes de aplicar o óleo”, diz Robson Vasconcelos, mecânico da BSB TriBike, loja Shimano Service Center em Brasília.

Após a lubrificação, gire o pedivela com as mãos por algumas voltas, de forma que o lubrificante envolva o interior dos roletes da corrente. 

Limpe os rotores e pastilhas de freio

Tanto os freios de aro quanto os modelos a disco podem ter sua performance comprometida após pedalar sob chuva forte. Assim, eles também requerem um minuto de sua atenção.

Freios de aro –  Quando se pedala na chuva, os resíduos decorrentes do atrito da sapata de freio com o aro da roda se mistura com a sujeira presente na água, formando uma película que impregna nos aros, paredes laterais dos pneus. Uma vez seca, esta película, além de difícil remoção, torna-se muito abrasiva, criando problemas como frenagem ruidosa, desgaste prematuro e o pior, redução do poder de frenagem.

Para evitar que isto ocorra, limpe e seque com um pano a superfície de contato do aro e das sapatas com o auxílio de um pano embebido em álcool. Caso exista alguma crosta de difícil remoção, utilize o lado verde de uma esponja Scotch-Brite para eliminá-la.

Freios a disco – Embora muito menos sensíveis à intempéries que os modelos a aro, os freios a disco também podem ser afetados pela chuva, principalmente quando se utilizam pastilhas orgânicas, mais porosas que os modelos metálicos.

Primeiro, retire as rodas e inspecione os rotores dos freios. Utilize um desengraxante como álcool isopropílico para remover quaisquer vestígios de sujeira e oleosidade em sua superfície. Utilize preferencialmente um pedaço de pano de limpeza descartável Scott Duramax que, por não soltar fiapos, é ideal para este procedimento.

Utilize um pano limpo embebido em álcool isopropílico para limpar e desengordurar os rotores de freio

Enxague as pinças de freio com água em abundância e nada mais. “Sabões e detergentes via de regra podem contaminar ainda mais as pastilhas”, diz Marcello Lovece, mecânico com mais de 28 anos de experiência, sendo destes, 18 como especialista em freios da marca alemã Magura.

“Se você tiver conhecimento sobre como desmontar as pastilhas de freios, retire-as das pinças, lixe-as com uma lixa fina (granulação 1000) e limpe com álcool isopropílico. Caso contrário, procure um mecânico especializado, caso os freios apresentem algum problema após a chuva”, completa.

Aproveite para conferir o nível de desgaste das pastilhas e providencie sua troca, caso necessário.

Cuidados com a suspensão

Um dos componentes mais erroneamente negligenciados quando o assunto é manutenção, os amortecedores da bicicleta podem ser permanentemente danificados caso suas canelas internas (stanchions) sejam arranhadas por atrito com partículas sólidas presentes na água que escorre pelas ruas durante as chuvas.

Via de regra, estas impurezas acumulam-se nos raspadores da suspensão e, caso penetrem em seu interior, funcionam como uma lixa, arranhando os stanchions e permitindo a entrada de todo tipo de contaminante no interior do amortecedor.

A sujeira acumulada nos raspadores podem arranhar as canelas, danificando permanentemente o amortecedor – Foto: Wiggle

Para evitar que isto aconteça, utilize um pincel de cerdas macias para eliminar o excesso de sujeira junto aos raspadores e, em seguida, com o auxílio de um pano, limpe as canelas da suspensão.

Após a operação de limpeza, uma boa prática para reduzir o atrito e prolongar a vida útil do amortecedor é seguir a dica de Rodrigo Yamaguchi, um dos maiores especialistas do Brasil em suspensões para bicicletas e proprietário da oficina Yamabike:

“Após a limpeza, aplique junto aos raspadores um pouco de óleo úmido para correntes (recomendo o FinishLine Cross-Country). Com os freios acionados e com o auxílio do peso do corpo, faça a suspensão trabalhar por alguns segundos, de forma que o lubrificante penetre em seu interior e se espalhe pela superfície dos stanchions. Em seguida, limpe o excesso de óleo com um pano seco”, diz Yamaguchi.

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