10 de novembro de 2024

Quando (e onde) usar lubrificante em sua bicicleta

Como manter sua bike funcionando sempre de maneira suave, precisa e silenciosa

Lubrificar corretamente a bicicleta pode ser uma tarefa enfadonha para alguns ciclistas e até neglicenciada por outros, mas pode significar uma enorme diferença entre uma pedalada precisa e um festival de ruídos e falhas.

Além da corrente de transmissão, outros delicados componentes da bicicleta requerem lubrificação periódica sob risco de se tornar fonte de ruídos indesejados e até mesmo falhar quando mais precisamos. Confira:

Cabos e conduítes

Com exceção dos modernos sistemas de transmissão eletrônica, o principal motivo da falha nas trocas de marcha é a falta de manutenção dos cabos e conduítes. Com o tempo e o uso, elementos externo como terra, sujeira e água penetram no interior dos conduítes, oxidando os cabos e comprometendo seu funcionamento.

Como lubrificar – Ajuste o câmbio traseiro para que se posicione no maior pinhão do cassete e o câmbio dianteiro na coroa maior. Em seguida, sem pedalar, acione os trocadores de marcha para a combinação inversa (pinhão menor do cassete com a coroa menor). Isto irá afrouxar os cabos de aço que acionam a troca de marchas, permitindo que os mesmos sejam limpos e lubrificados.

Utilize um pano seco que não solte fiapos para limpar os cabos, dando uma especial atenção na parte inferior da bike, onde a sujeira costuma ser mais intensa.

Em seguida, aplique um pouco de óleo para transmissão ou graxa de baixa viscosidade na ponta dos dedos indicador e polegar e esfregue-os ao longo do comprimento dos cabo, de forma a cobri-lo com uma fina camada. Utilize o mesmo método para os cabos de freios mecânicos.

Nunca utilize o multiuso WD-40 para lubrificar os cabos, nem mesmo para limpá-los antes da lubrificação! Caso os cabos e conduítes estejam danificados ou com sujeira muito incrustada, a troca dos mesmos se faz necessária. Procure por seu mecânico de confiança.

Pedais de encaixe

Quem praticou mountain bike nos anos 90 sabe a tortura que era desengatar dos primeiros modelos de pedais de encaixe. Ao primeiro sinal de terra ou sujeira, o pedal ficava irremediavelmente ‘soldado’ no taquinho da sapatilha, tornando o tombo não uma possibilidade, mas uma questão de tempo. De lá pra cá muita coisa mudou: a tecnologia de evacuação da terra e lama, bem como a utilização de sistemas de encaixe mais eficiente tronaram os pedais clipless mais confiáveis do que nunca.

Sua falta de manutenção entretanto, pode causar mal funcionamento tanto na hora do engate quanto em sua retirada. Para evitar isto, poucos segundos de atenção farão a maior diferença:

Como lubrificar – Em pedais clipless com molas externas, aplique uma gota de óleo para transmissão em cada uma delas (quatro molas para pedais no padrão Shimano SPD e uma única em modelos da marca CrankBrothers). Refaça a operação a cada duas ou três pedaladas ou sempre que necessário.

Dica – Dê preferência a lubrificantes do tipo seco ou a base de cera acumulam menos sujeira na região das molas.

Nunca utilize graxa para lubrificar as molas, pois ela atrai sujeira e detritos.

Polias do câmbio traseiro

Para que possa funcionar corretamente, o câmbio traseiro utiliza duas polias – também chamadas de roldanas -, que possuem uma função importantíssima na transmissão: manter a corrente tensionada (polia inferior) e na posição correta em relação aos pinhões do cassete (polia superior).

Devido ao atrito causado pela rotação, com o tempo as polias podem perder sua lubrificação interna, causando um irritante ruído. A falta de manutenção destas peças, em conjunto com o acúmulo de detritos em seu interior pode inclusive causar seu travamento, impedindo que o câmbio funcione corretamente.

Como lubrificar – Aproveite a operação de lubrificação de corrente para aplicar uma gota de óleo entre sua calota de metal e o corpo da polia. Utilize as mãos para girar o pedivela algumas voltas para trás, de forma permitir que o lubrificante penetre e se espalhe em seu interior. Retire o excesso de óleo com um pano seco que não solte fiapos.

Nunca utilize graxa comum na lubrificação das polias. Sua alta viscosidade irá comprometer sua livre movimentação durante o giro da corrente.

Pivôs

Pontos de junção e suporte dos câmbios e de freios acionados a cabo são frequentemente negligenciados durante a manutenção básica da bicicleta e por isto frequentemente comprometem o funcionamento dos componentes onde estão instalados. Uma especial atenção deve ser dada à chamada junta B (parafuso que mantém o câmbio traseiro preso ao quadro), bem como os pivôs de sustentação dos freios de aro (v-brakes e ferradura).

Como lubrificar – Aplique uma gota de óleo em cada junta de pivô (câmbio traseiro, câmbio dianteiro, freio traseiro e dianteiro) a cada poucos meses de uso (repita a operação se você pedala na chuva com frequência). Utilize um pincel ou cotonete para auxiliar nos locais de difícil acesso. Limpe o excesso com um pano seco que não solte fiapos.

Muito cuidado para não contaminar as sapatas de freio com óleo!

E a corrente?

Uma corrente seca não é apenas a fonte de ruídos irritantes, mas de inúmeros problemas, a começar pela falta de precisão na troca de marchas. Além disso, a falta de lubrificação reduz a proteção contra a corrosão, graças ao aumento do atrito entre suas partes móveis, o que reduz substancialmente sua vida útil.

Como lubrificar – Habitue-se a cada final de pedalada a limpar com um pano seco a corrente, para em seguida aplicar uma gota de lubrificante em cada elo da corrente. Após a operação, utilize as mãos para girar o pedivela algumas voltas para trás, de forma permitir que o lubrificante penetre e se espalhe em seus elos internos. Retire o excesso de óleo com o pano: o que interessa é o lubrificante dentro da corrente, o que está do lado de fora só serve para acumular detritos!

Caso a corrente esteja muito suja, utilize um desengraxante como o Algoo ou o Puroil ZipZap para limpar a corrente, as polias de câmbio, o cassete e as coroas do pedivela. Nesta operação, utilize um pincel de cerdas duras ou uma escova limpa-corrente caseira para auxiliar na limpeza. Enxague com água e seque a transmissão completamente antes de realizar a lubrificação.

Nunca lubrifique a corrente com multiuso WD-40 pelos mesmos motivos descritos na lubrificação dos cabos e conduítes. Óleo automotivo também deve ser evitado a qualquer custo, já que os ácidos e partículas utilizados como aditivos em sua composição podem comprometer a vida útil do revestimento externo da corrente.
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