19 de maio de 2024

Tour de France volta a dizer não às mulheres

Pooley-CookeDurante a recente apresentação do 101º Tour de France, que será realizado em 2014, a organização da prova anunciou que manterá o formato atual, não permitindo a presença feminina na competição.

Atualmente, uma campanha por um autêntico Tour de France feminino (batizada com o nome de Le Tour Entier), está sendo encabeçada pela atual campeã mundial de ciclismo, a holandesa Marianne Vos e pela medalhista olímpica Emma Pooley. A petição organizada pelas duas ciclistas junto a organização do Tour conseguiu nada menos que 95.000 assinaturas até o momento.

As organizadoras do Le Tour Entier estão convencidas de que a partir do momento em que o Tour de France abra espaço para as mulheres, o ciclismo terá dado um gigantesco passo adiante na inclusão das mulheres no ciclismo desportivo, já que a cobertura midiática crescerá exponencialmente.

Em um mundo onde praticamente não existem barreiras que impeçam a prática esportiva de mulheres em diferentes modalidades, como tênis, basquete, boxe, futebol e ciclismo, é de se estranhar que provas como o Tour de France e os demais Grand Tours ainda não incluam mulheres em suas provas.

Resulta anacrônico a esta altura que um evento como o Tour não aceite mulheres como competidoras, já que o Grand Boucle Féminine Internationale, conhecido como Tour Feminino, era tradicionalmente realizado um mês antes do Tour de France. Infelizmente, a prova foi descontinuada após sua última edição em 2009, após 25 edições, a primeira em 1955 e as restantes a partir de 1984.

Marianne Vos

Um dos obstáculos atuais para a realização dessa ideia são as absurdas e antiquadas normas da União Ciclista Internacional (UCI), a entidade máxima de regulamentação do ciclismo desportivo mundial. Recentemente, a UCI revogou a regra que determina que, nas equipes femininas, a maioria de suas integrantes devem ter menos de 28 anos. apesardisso, muitas outras regras estranhas persistem, como a que restringe a participação feminina a provas de no máximo oito etapas ou etapas individuais de no máximo 130 quilômetros. Um verdadeiro absurdo, se levarmos em consideração que a triatleta Chrissie Wellington, outra das organizadoras do Le Tour Entier, quando participa de um ironman percorre 3,9 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida, em menos de oito horas.

Aparentemente, o problema central parece ser a arraigada atitude machista do ciclismo de estrada, no qual a presença feminina parece querer limitar-se às belas modelos que adornam os pódios masculinos.

Seja como for, as mulheres do Le Tour Entier asseguram que a luta continuará e que se sentem fortalecidas “pelas profundas discussões que mantém com as organizações envolvidas.” Quem sabe o novo presidente da UCI, o britânico Brian Cookson, cumpra sua promessa de campanha, quando anunciou que formaria uma comissão para contribuir com o crescimento do ciclismo feminino de elite.

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