Para Cyro, presidenta da Abraciclo, a crise causada pela escassez de componentes deverá passar necessariamente pelo incentivo à produção de peças e componentes no Brasil
Escassez de componentes e queda na demanda por produtos de entrada. Esta foi a realidade da produção nacional de bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM), conforme relatório divulgado hoje (16/08) pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo.De acordo com dados divulgados pela entidade, no último mês de agosto foram produzidas 54.644 bicicletas, volume 44,6% superior ao registrado no mês anterior (37.780 unidades), mas 24,4% menor se comparado com o mesmo período no ano passado (72.293 bicicletas).
No acumulado deste ano, 428.168 bicicletas saíram das linhas de montagem de Manaus, valor que corresponde a um recuo de 14,8% em relação às 502.770 unidades produzidas no mesmo período de 2021.
Para o vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, a queda na produtividade deve-se a dois principais motivos: forte queda na demanda por produtos de entrada e a escassez de componentes, problema global que atinge diversos setores da economia.
“A venda desses modelos [bicicletas de entrada] caiu bastante. Hoje o mercado pede por modelos de médio e alto valor agregado. Foi necessário mudar todo o planejamento, reprogramar as linhas de produção e nossa cadeia logística”, explica o executivo.
Para Cyro, a crise causada pela escassez de componentes deverá passar necessariamente pelo incentivo à nacionalização da produção de peças e componentes. Atualmente a indústria de bicicletas trabalha com fornecedores estrangeiros, principalmente do continente asiático, para diversos componentes como, por exemplo, quadros, sistemas de câmbio, freios, suspensão, direção, selim e pneumáticos. Alguns desses componentes chegam a ter 100% de seu volume importado.
Para reduzir essa dependência do mercado externo, a associação reuniu no final do mês passado, em Manaus, fornecedores de peças e componentes, fabricantes de bicicletas do PIM e entidades da Zona Franca de Manaus no 1º Encontro Empresarial Abraciclo da Indústria de Bicicletas.
“Queremos incentivar a nacionalização de produtos e estimular a produção local. Com isso, vamos também contribuir para a criação de novos postos de trabalho e o desenvolvimento da indústria na região Norte”, afirma Gazola.
Produção de bicicletas no PIM
Janeiro a agosto 2021 | Janeiro a agosto 2022 | % | |
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Unidades | 502.770 | 428.168 | -14,8% |
Fonte: Associadas Abraciclo
Produção por categoria – Entre os modelos produzidos em agosto no PIM, a Mountain Bike (MTB) liderou o ranking, com 33.002 bicicletas, o que corresponde a 60,4% da produção das associadas da Abraciclo. Em segundo lugar, ficou a Urbana / Lazer (15.223 unidades e 27,9% da fabricação), seguida pelas bikes Infanto-juvenis (3.907 bicicletas e 7,1%).
As posições foram mantidas no ranking do acumulado do ano: MTB (272.404 bicicletas e 63,6% da produção), Urbana / Lazer (112.111 unidades e 26,2%) e Infantojuvenil (29.637 bicicletas e 6,9%).
Produção de bicicletas no PIM
Agosto/21 | Julho/22 | Agosto/22 | ||||||
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Categoria | A | Participação | B | Participação | C | Participação | C/A | C/B |
MTB | 42.158 | 58,3% | 25.377 | 67,2% | 33.002 | 60,4% | -21,7% | 30,0% |
Urbana | 19.754 | 27,3% | 6.574 | 17,4% | 15.223 | 27,9% | -22,9% | 131,6% |
Elétrica | 1.043 | 1,4% | 1.056 | 2,8% | 638 | 1,2% | -38,8% | -39,6% |
Estrada | 2.466 | 3,4% | 1.230 | 3,3% | 1.874 | 3,4% | -24,0% | 52,4% |
Infantil | 6.872 | 9,5% | 3.543 | 9,4% | 3.907 | 7,1% | -43,1% | 10,3% |
Total | 72.293 | 100,0% | 37.780 | 100,0% | 54.644 | 100,0% | -24,4% | 44,6% |
Fonte: Associadas Abraciclo
As posições foram mantidas no ranking do acumulado do ano: MTB (272.404 bicicletas e 63,6% da produção), Urbana / Lazer (112.111 unidades e 26,2%) e Infantojuvenil (29.637 bicicletas e 6,9%).
Distribuição por região – O maior volume de bicicletas produzidas no PIM foi enviado para a região Sudeste. No total, foram 33.395 unidades, o que representa 61,1% do volume fabricado. Em segundo lugar, ficou a região Sul que recebeu 8.848 bicicletas e 16,2% da produção. Na sequência do ranking, vieram as regiões Nordeste (5.144 unidades e 9,4% do total produzido), Norte (4.088 bicicletas e 7,5%) e Centro-Oeste (3.169 unidades e 5,8%).
As três primeiras posições foram mantidas no ranking do acumulado do ano: Sudeste (255.343 bicicletas e 59,6% do volume produzido), Sul (80.085 unidades e 18,7%) e Nordeste (40.515 bicicletas e 9,5%). Em quarto lugar, ficou o Centro-Oeste (29.177 unidades e 6,8%) e em quinto, o Norte (23.048 bicicletas e 5,4%).
Exportações – Em agosto, os embarques para o mercado externo totalizaram 2.939 bicicletas, o que corresponde a uma retração de 6% em relação a julho (3.125 bicicletas) e de 18,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado (3.618 unidades).
Segundo dados do portal Comex Stat, que apura os embarques totais de cada mês, analisados pela Abraciclo, os principais mercados foram os países do Mercosul: Paraguai (1.698 bicicletas e 57,8% das exportações), Uruguai (751 unidades e 25,6%) e Bolívia (480 bicicletas e 16,3%).
No acumulado do ano, foram exportadas 16.697 motocicletas, alta de 28,7% na comparação com o mesmo período de 2021 (12.970 unidades.
Ainda de acordo com levantamento da Comex Stat, analisado pela Abraciclo, o Paraguai foi o principal destino, com 9.839 bicicletas e 58,9% do total de embarques para o mercado externo. Na sequência, vieram Uruguai (3.406 unidades e 20,4% das exportações) e a Colômbia (1.308 e 7,8%).