26 de julho de 2024
Jaqueline Mourão é a única mulher a disputar quatro edições de Olimpíada - Foto: Murilo Rezende / Seppia

Jaqueline Mourão retorna ao MTB ao lado do treinador Cadu Polazzo

Depois de disputar duas Olimpíadas de Inverno no esqui cross country, brasileira está de volta às disputas sobre duas rodas

10 anos se passaram desde a última vez que Jaqueline Mourão entrou em um circuito para competir no mountain bike. Isso aconteceu nos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na China. Nessa época deixou as pistas de MTB e se dedicou ao esqui cross country, modalidade em que participou de duas Olimpíadas de Inverno. No último domingo (08/0) alinhou novamente em cima de uma bicicleta para disputar a Copa do Mundo de Mountain Bike XCO na Itália.

Sob as orientações do treinador Cadu Polazzo, realizou o sonho de voltar a competir no MTB.

“Para mim está sendo muito gratificante treinar a Jaqueline. Ela é uma atleta incrível e muito experiente, sem dúvida nenhuma um dos maiores nomes do esporte brasileiro. Iniciamos os trabalhos no fim do inverno no Canadá. Foram várias sessões de bike indoor, fat bike na neve, esqui e foco no treinamento de força e potência na academia. É um trabalho diferente do que fazemos com os atletas aqui no Brasil, porque ela só começou a pedalar outdoor com frequência depois do fim do inverno canadense. Por isso, só agora está caminhando para o pico de performance e tem muito a evoluir ainda”, comentou Cadu.

Jaqueline Mourão em ação na Copa do Mundo de XCO – Foto: mountainbike90 / ava_sports

Confira abaixo o depoimento de Jaqueline Mourão sobre o retorno às competições de mountain bike e o trabalho com o treinador.

O (re) início – “Quando a Olimpíada de Pyeongchang acabou, em fevereiro deste ano, eu fiz um mês de transição de recuperação. Em seguida, comecei a voltar às atividades físicas. Dentro destas atividades, pedalei muito de fat bike. Muito mesmo. E aí, voltou aquela paixão toda que sempre tive pela bike.

Sempre tive na cabeça a questão do “e se”. E se eu voltar a pedalar de verdade, e se eu voltar ao mountain bike… Sempre estive muito focada no esqui, mas a bike nunca saiu da minha vida. Esse retorno ao pedal com a fat bike me fez pensar como eu gosto disso!”

A conversa em casa – “Quando deu este estalo, conversei muito com meu marido (Guido Visser), que é também meu treinador no esqui cross country. Nosso objetivo é disputar a Olimpíada de Inverno em 2022, que vai ser em Pequim, no esqui. Imagina que sonho? Disputar uma Olimpíada de Verão e uma de Inverno na mesma cidade? É um objetivo de carreira.

Eu quero me classificar para a prova de 30km no esqui. Por isso, o mountain bike só vai agregar, já que as provas de bike têm mais ou menos a mesma duração dessa prova do esqui. Foi aí que pensei no Cadu.”

O contato com o treinador – “Sempre tive um grande respeito pelo Cadu Polazzo e pelo trabalho dele. Sempre admirei. Quando eu decidi voltar a competir no mountain bike, ele era a referência que eu tinha como treinador esportivo. Aí tomei coragem, entrei em contato com ele e perguntei o que ele achava de tudo isso. O Cadu foi super receptivo e me incentivou demais! Sem dúvida ele é uma peça-chave nessa minha decisão. O apoio que eu tive dele foi fundamental pra eu ter, de verdade, a coragem de recomeçar no mountain bike“.

“Com todo o profissionalismo dele, já começamos a focar na planilha de treinos, o medidor de potência, que eu não tinha tanto conhecimento, e ele foi me guiando nessa minha volta ao mountain bike. Desde o equipamento certo, passando pela fisiologia… Foi tudo perfeito. Entendemos quantas semanas precisaríamos para pegar essa temporada que já tinha começado e tentar transformá-la numa volta minha.”

O calendário – “E começamos dessa maneira: eu estava na base, recomecei os treinos de bike e aprendi a treinar com o medidor de potência. Aí fomos falar de calendário, quais seriam nossos objetivos nesse sentido.
Participei de duas provas próximas à minha casa, no Canadá, e utilizamos estas competições como estímulo, já que eu estava ainda na base. Competi duas etapas da Copa Canadá: fiquei em sétimo em uma e em quarto na outra, somando pontos para o ranking da UCI. Subir no pódio com meus filhos (Jaque tem um menino e uma menina), fazer mountain bike de novo.. Foi incrível!
Com essas duas colocações, consegui cumprir os critérios pra particpar da Copa do Mundo. Falei com o Cadu e ele fez os ajustes na periodização do treinamento, para eu poder participar destas duas etapas da Copa do Mundo.”

A evolução – “Treinar com o Cadu tem me dado muita segurança. Na minha história do MTB, consegui resultados incríveis, inclusive ganhando uma Copa do Mundo de maratona, no Canadá, e ficando em quarto lugar numa Copa do Mundo XCO. Mas, sinceramente, eu nunca consegui manter a performance durante a temporada inteira. Eu sempre “queimava” e perdia meu desempenho.

Cadu Polazzo é treinador de Jaqueline Mourão – Foto: Iago Batista / Seppia

Com a experiência que estou tendo com o Cadu, tenho sentido que não estou me “queimando”. Se dependesse só de mim, já estava treinando muito mais e com certeza iria me estourar fisicamente. Estou tendo uma progressão muito legal, cientificamente através do conhecimento do meu treinador. Essa parte de professor que ele tem, de explicar as coisas muito claras e fundamentadas, dá uma segurança que é muito legal. O relacionamento com ele tem sido muito bom. Gosto muito de todos os conselhos que ele dá, ele me passa muita segurança.”

No domingo, Jaqueline compete na etapa da Copa do Mundo de Vallnord, em Andorra, com transmissão ao vivo.

Cadu Polazzo é preparador físico e Mestre em Fisiologia do Exercício e Treinamento Esportivo. Atua com um dos técnicos da Seleção Brasileira de Mountain Bike e é o treinador da Equipe Lar Nossa Senhora e de diversos ciclistas amadores e de elite.

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