Estudo realizado pelas ONGs Observatório das Metrópoles e Transporte Ativo, constata que 88,1% dos ciclistas entrevistados utilizam a bicicleta para ir ao trabalho e 76% usam para o lazer
Atualmente, as bicicletas ocupam um espaço muito maior no cotidiano da população das grandes cidades, seja como principal meio de transporte ou como um dos mais queridos instrumentos de lazer. O fato é que esse simples veículo pode transformar o meio ambiente, as metrópoles e a vida de muitas pessoas. Segundo dados da pesquisa “Perfil do Ciclista Brasileiro”, realizada pelas organizações não-governamentais Observatório das Metrópoles e Transporte Ativo, 88,1% dos 5012 entrevistados de dez grandes metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, utilizam a bicicleta para ir ao trabalho e 76% usam para o lazer.Com esses números, podemos observar um crescimento do interesse na bicicleta e, assim, o aumento na busca por modelos que oferecem eficiência, rendimento e custo-benefício. Segundo pesquisas realizadas recentemente, a expectativa para 2017 é positiva para este segmento, já que houve elevação de 18% na produção, totalizando 797.000 unidades produzidas para este ano.
Enquanto os investimentos em mobilidade urbana avançam lentamente e agregam novas pessoas a este estilo de vida mais sustentável, as cidades ainda necessitam de mais estrutura, ciclofaixas e segurança para os ciclistas. Se comparado a alguns países europeus, o número de brasileiros adeptos a este meio de transporte ainda é bem pequeno. Na Holanda, por exemplo, a bicicleta é utilizada como principal forma de deslocamento por 40% de toda população do país, muito distante da nossa realidade.
Mesmo com todas as dificuldades estruturais e déficit de investimento, o segmento de bicicletas não para de crescer no Brasil, ressaltando a força do mercado e o potencial de expansão. Entretanto, ao longo dos anos e com o desenvolvimento da internet, o setor também precisou se atualizar.
Mudanças do setor na era digital – Os antigos admiradores de bicicleta, novos adeptos e esportistas aguardam ansiosamente pelos lançamentos de 2017. Mas, na hora de adquirir o novo utensílio, é importante realizar pesquisas e buscar por atendimento especializado. E, atualmente, não faltam fontes de informação sobre o segmento. Exemplo disto são os influencers, que acumulam milhares de seguidores em redes sociais e auxiliam em distintas modalidades.
“Hoje em dia, existe muita informação, troca de experiências e de ideias na internet. Eu sempre busco me aproximar dos meus seguidores, compartilhando dicas, treinos e novidades. Como nós vivemos este estilo de vida e conhecemos muitos produtos, os internautas sentem confiança e pedem nossa opinião na hora da escolha de uma peça ou um modelo de bicicleta”, comenta Ramon Costa, publicitário e praticante de triátlon, seguido por mais de 80 mil pessoas no Instagram. O atleta destaca os freios a disco como forte tendência para este ano. A tecnologia já é considerada item de fábrica em novos modelos, como Gravel, Cyclocross e Endurance.
Quem também está animado com a onda de influencers é o atleta de BMX freestyle, Douglas Oliveira, mais conhecido como Doguette. “Muitas empresas estão apostando em atletas influenciadores para incentivar o uso da bicicleta no dia a dia das pessoas, com conteúdo e informação. Isso mostra aos novos praticantes que, além de pedalarem, eles podem obter um novo estilo de vida em que irão quebrar suas próprias barreiras e limites”, diz o profissional.
A ideia de usar influenciadores, segundo os profissionais, é positiva porque não apenas vende um produto, mas aproxima os consumidores das marcas e valoriza os atletas, criando uma identidade com a prática do esporte e seus benefícios. “As marcas brasileiras começaram a reconhecer mais os atletas e influenciadores. No BMX, recebo muitas mensagens questionando qual bike eu uso, quais produtos, pois eles desejam ter algo de igual qualidade e durabilidade”, comemora Doguette.
Novas tecnologias e produtos – A Scott, uma das maiores marcas de bicicleta do mundo, aponta duas fortes tendências para este ano. “Temos dois modelos que, provavelmente, serão muito procurados ao longo deste ano: as bikes full-suspension e as com relação de uma coroa (X1). Isso porquê nossas opções de suspensão integrada mudaram e estão renovadas, com design mais leve e rígido, que já foram aprovadas em diversas corridas e são usadas pelo Campeão Olímpico e Campeão Mundial, Nino Schurter”, explica Rodrigo Pin, analista de marketing da Scott.
Rodrigo também pontua que a decisão de mudar o design só foi realizada após pesquisas com ciclistas, pilotos de cross-country e maratona e até mesmo entusiastas. “Hoje é nítido o crescimento das bikes de suspensão integrada nas pistas de competições por todo o Brasil, tanto por proporcionar maior conforto do que uma hardtail (que só possui suspensão na frente), assim como pelo desempenho, principalmente, em relação as bikes com relação X1 (dedicadas para o cenário de competição)”, comenta. Essas novidades já estão disponíveis no mercado e possuem muito potencial de venda.
Para quem deseja investir no segmento de bicicleta, os nichos são os mais variados. Novas soluções aparecem a cada dia para atender as necessidades dos atletas e amadores, como capacetes mais leves, relógios com altimetria e medição de passos, e utensílios que auxiliam na pratica das mais diversas modalidades. Com esta diversidade de produtos e ofertas no mercado, as novas tecnologias ficam mais acessíveis aos interessados. Outra novidade que só tende a crescer são os seguros para bicicleta, com coberturas para os modelos a partir de R$3.000,00, que variam de 5% a 10% do valor da bicicleta. Algumas empresas também oferecem adesivos para reconhecimento da bike com alta fixação e que evitam furtos.
O Brasil possui um mercado de bicicletas que só tende a crescer, apesar de algumas dificuldades tributárias. O público de bicicletas é muito grande e diversificado. “Antigamente as pessoas não compartilhavam seu amor pelo esporte, não mostravam que pedalavam ou viviam disso, mas hoje a bicicleta se tornou algo de respeito, bacana. Espero que os amantes do esporte se unam cada vez mais para trocar ideias e discutir como podemos desenvolver o mercado”, conclui Douglas.