26 de julho de 2024
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pedala pela ciclovia - Foto: Prefeitura de São Paulo / Divulgação

Prefeitura de SP planeja pagar para paulistano trocar automóvel por bicicleta

Projeto inspirado em modelo utilizado em Paris passará a acumular créditos para quem trocar o carro ou ônibus pela bike no trajeto para o trabalho

A Prefeitura de São Paulo estuda adotar um sistema de recompensa financeira ao paulistano que optar por trocar o carro ou o ônibus pela bicicleta. De acordo com a Prefeitura, quem fizer parte do percurso diário de bike passará a acumular créditos no Bilhete Mobilidade, que substituirá o atual Bilhete Único. Os créditos serão calculados de acordo com a distância, o local e o horário percorridos e poderão ser resgatados em dinheiro ou consumidos em uma rede credenciada de serviços.

A ideia é estimular a utilização da bicicleta como meio de locomoção para o trabalho e integrar os diferentes tipos de transportes modais. Para isso, a Prefeitura promete dar descontos na passagem de ônibus, na viagem de táxi ou Uber, onde estes passariam a aceitar os créditos acumulados pelos ciclistas, assim como estabelecimentos credenciados, em um sistema similar ao adotado em programas de milhagem.

O novo programa prevê também a opção de resgate em dinheiro dos créditos, a exemplo da Nota Fiscal Paulista. Caso o ciclista opte por esta alternativa, o reembolso deverá ser liberado a cada quatro meses ou duas vezes ao ano, em sua conta bancária.

O projeto de recompensa financeira, desenvolvido em parceria com o vereador José Police Neto (PSD), prevê que a verba para o pagamento dos ciclistas sairá do montante repassado às empresas de ônibus como subsídio – em média, são cerca de R$ 2 bilhões ao ano.

“Ao incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, tiram-se carros das ruas e passageiros dos ônibus superlotados”, afirma o vereador. O projeto de lei proposto originalmente por ele já foi aprovado em primeira discussão e, com o apoio da gestão Fernando Haddad, deverá ter o aval definitivo da Câmara Municipal até o fim deste ano. A previsão é adotar o Bilhete Mobilidade já no início de 2017.

Foto: Marcos Santos / USP
Foto: Marcos Santos / USP

Valores – Embora os valores dos créditos ainda não estejam definidos, a SP Negócios, empresa municipal responsável pela implementação, afirma que estes deverão ser calculados de modo a atrair o paulistano nos horários de pico. “É quando os ônibus já são muito explorados, então, faz mais sentido fazermos um incentivo mais forte nesse período”, diz Rodrigo Pirajá, diretor-presidente da SP Negócios. “Dessa forma, racionalizamos mais o transporte como um todo, com base no uso de vários modais.”

Já o Subsecretário do Tesouro Municipal, Luiz Felipe Vidal Arellano, reforça que o valor dos créditos deverá ser suficiente para estimular as pessoas a andar de bicicleta. “Se for muito baixo ninguém se sentirá incentivado a aderir, mas, por outro lado, os valores não poderão representar uma elevação dos gastos da Prefeitura”, diz.

Exemplo de Paris – Formatos semelhantes já funcionam em outras cidades do mundo como Paris, na França, onde atualmente o ciclista recebe cerca de R$ 0,90 por quilômetro rodado. “Em São Paulo, acho que oferecer de R$ 4 a R$ 8 por dia em créditos resolveria. Seria um valor significativo para atrair novos adeptos e ajudar a bancar a manutenção da bicicleta, o seguro, os equipamentos. Quem aceita o desafio de ajudar a cidade deve ser reconhecido e recompensado”, diz Police Neto.

Aplicativos – Para participar do programa, o ciclista deverá adquirir o Bilhete Mobilidade e baixar um aplicativo desenvolvido pela Prefeitura. A checagem do percurso realizado pelo ciclista poderá ser feita com a ajuda da tecnologia, via smartphones, ou mesmo por meio de pontos de medições, localizados em terminais de ônibus, estações de metrô e de compartilhamento de bicicletas.

O foco do novo projeto será o trabalhador, que tem 6% de seu salário descontado para o complemento do transporte – o restante é pago pelo empregador. A estimativa é de que o modelo de créditos seja vantajoso para quem recebe até R$ 3 mil mensais.

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