30 de abril de 2024

Governo federal utilizará bancos públicos para financiar a compra de bicicletas

A presidenta da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, anunciou que o governo utilizará bancos públicos para abrir linhas de financiamento para a compra de bicicletas, voltadas para pessoas de todas as classes sociais. Segundo Dilma, os bancos também financiarão ciclovias “em todas cidades que pedirem” a ajuda do governo federal.

A candidata destacou que as bicicletas são importantes meios de transporte para curtas e médias distâncias tanto nas cidades quanto em zonas rurais brasileiras e ressaltou que esse meio de transporte também é eficiente para integrar os modais de transporte, além de contribuir para a redução de emissões de gás carbônico.

Dilma, que se equivocou ao afirmar que “a maior parte das bicicletas do país é produzida na Zona Franca de Manaus” (a região só produz 21% do total de bicicletas no Brasil), não  informou se essa linha de crédito será estendida aos modelos importados ou apenas às bicicletas produzidas na região da ZFM.

Tributação elevada – Embora tenha crescido no país o discurso pró-bicicleta, seja por suas vantagens ambientais e de saúde, ou simplesmente para desafogar o trânsito, o governo tributa mais as bicicletas que os automóveis, que hoje são beneficiados por incentivos fiscais, que sofrem constantes prorrogações.

Segundo estudo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o imposto que incide sobre as bicicletas no Brasil é de 40,5% em média, contra 32% dos tributos no preço final dos carros.

A falta de incentivo fica claro na comparação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI): a alíquota do tributo federal é de 3,5% para carros populares, contra 10% para as bicicletas produzidas fora da Zona Franca de Manaus, onde há isenção, mas que produz apenas 21% do total do país).

Com este atual panorama, a faixa de preços das bicicletas comercializadas no Brasil é uma das mais altas do mundo. Para se ter uma ideia, uma bike comum, aro 26 com 21 marchas é comercializada no Brasil a um preço médio de R$ 400, 54% a mais que uma similar nos Estados Unidos.

“Com todos os benefícios da bicicleta me parece descabido este elevado grau de impostos. A população tem se conscientizado, algumas cidades estão criando infraestrutura de ciclovias e ciclofaixas, mas falta, ainda, a questão tributária”, afirmou Marcelo Maciel, presidente da Aliança Bike, entidade que reúne 53 empresas do setor.

Segundo especialistas, apenas o financiamento sem a redução da tributação é insuficiente. De acordo com a Associação de Ciclistas Urbanos da Cidade de São Paulo (Ciclocidade), a redução da carga tributária seu consequente impacto nos preços é fundamental para estimular o uso das bicicletas.

“Temos dados que mostram que 30% das pessoas que usam bicicletas no país têm renda de até R$ 600. E uma bicicleta não sai por menos de R$ 500, então o fator preço pesa muito”, diz Daniel Guth, consultor da Ciclocidade.

Aumento nas vendas – Segundo a economista Carla Rossi, da Tendências, uma redução de 10% do preço pode gerar aumento imediato de 14% nas vendas no Brasil. Carla estima ainda que, devido ao preço atual elevado, o mercado das bicicletas, de cinco milhões de unidades em 2011, chegará a 5,9 milhões em 2018, enquanto que o potencial, com um preço mais justo, poderia chegar a 9,3 milhões de unidades.

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