14 de dezembro de 2024

Como a tecnologia pode tornar mais seguro andar de bicicleta

Apesar do fato de que cada vez mais pessoas utilizem a bicicleta como meio de locomoção nas cidades, os ciclistas continuam sendo o grupo mais vulnerável a acidentes envolvendo automóveis

Em vários países do mundo, o número de pessoas mortas em acidentes de bicicleta continua aumentando. Será que as novas tecnologias poderiam reverter este quadro? A seguir, vamos conhecer algumas possibilidades.

Iluminado como uma árvore de Natal

Blaze

De acordo com estudos recentes, a maioria dos acidentes graves com bicicletas envolvendo outro veículo geralmente ocorrem quando o ciclista está ultrapassando outro veículo. Isto inspirou a designer Emily Brooke a desenvolver uma sistema de iluminação que projeta uma imagem de uma bicicleta na cor verde fluorescente no solo, cinco metros a frente do ciclista.

O dispositivo, denominado Blaze, utiliza um laser para projetar o símbolo de uma bicicleta no solo. O equipamento é totalmente resistente a água e possui corpo construído em alumínio com um painel de controle retroiluminado.

A projeção sobre o solo ajuda nas clássicas situações de ponto cego
A projeção sobre o solo ajuda nas clássicas situações de ponto cego

“O sistema de iluminação do Blaze auxilia a diminuição dos pontos cegos”, diz Brooke. “O ciclista pode estar iluminado como uma árvore de Natal e estar utilizando todo tipo de iluminação de segurança mas, se estiver em um ponto cego, continua sendo invisível para os veículos”, completa.

De acordo com Niko Klansek, proprietário da FlyKly, uma empresa que produz rodas de bicicleta assistidas eletricamente, as preocupações com a segurança são uma das razões pela qual muitas pessoas optam por não pedalar. Durante a campanha para a arrecadação de fundos para a produção de seu produto, muitas pessoas pediram que a FlyKly produzisse suas rodas em cores fluorescentes para serem vistas mais facilmente. “Os sistemas de iluminação convencionais encontram-se apenas na parte dianteira e traseira da bike”, diz Klansek. “Mas também é muito importante ser visto lateralmente”.

Imagem x segurança

O especialista em segurança no Ciclismo Ian Walker, da Universidade de Bath, está de acordo: tudo que os ciclistas possam fazer para ficarem mais visíveis aos condutores de veículos, como o uso de materiais reflexivos e iluminação de segurança, especialmente a noite, é uma vantagem para eles.

“Muitos ciclistas não utilizam capacetes simplesmente pelo aspecto estético”

Michael Hutchinson, ex-ciclista profissional

Porém, de acordo com o ex-ciclista profissional Michael Hutchinson, muitas pessoas simplesmente não utilizam equipamentos de segurança por questões puramente estéticas. “Uma grande quantidade de ciclistas não gosta da aparência dos capacetes de bicicleta”.

Capacete “invisível”

Os "capacetes invisíveis" funcionam de forma similar aos airbags automotivos
Os “capacetes invisíveis” funcionam de forma similar aos airbags automotivos

Anna Haupt, co-fundadora da Hövding, alega ter encontrado a solução para este tipo de resistência. “Escutamos várias pessoas que diziam não utilizar capacetes porque estragava o penteado”, afirma.

Os “capacetes” da Hövding são na verdade uma espécie de airbag, que permanece dobrado no interior de um colar cervical até o momento que detecta que está ocorrendo um acidente. Uma vez ativado, o colar utiliza seis sensores para controlar os movimentos do corpo 200 vezes por segundo.

Durante o trajeto, o colar aciona o airbag se receber um único dado que saia do normal.

“Ao sofrer um acidente, os movimentos do corpo serão completamente diferentes que quando se está pedalando normalmente”, explica Haupt.

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Reflexos lentos

Ulf Bjornstig, professor de Cirurgia na Universidade de Umea, Suécia, diz que os ciclistas sofrem mais acidentes que qualquer outro tipo de usuário em vias públicas. As lesões na cabeça são as mais comuns. 10% das vítimas sofrem convulsões ou perda dos sentidos, diz.

“A cabeça vai de encontro ao solo violentamente. via de regra, nas lesões não mortais os ciclistas batem com o rosto no solo, machucando o nariz e o queixo. No caso das lesões fatais, geralmente as vítimas são golpeadas por trás ou lateralmente”, diz Bjornstig. “Essa é basicamente a diferença entre as lesões fatais e as não fatais”.

Prevenção de acidentes

Por mais atrativos que possam parecer alguns acessórios de segurança, o ex-ciclista profissional Michael Hutchinson diz que não acredita que boa parte dos ciclistas estejam dispostos a gastar grandes somas de dinheiro para resolver o problema da segurança. “Um capacete Hövding não custa menos que 540 dólares, enquanto que a luz fluorescente pode ser adquirida a partir de 200 dólares.

“Nada é mais seguro que a segregação estrita de ciclistas e motoristas”

Ian Walker, especialista em segurança no Ciclismo

Hutchinson teme que os acessórios se convertam em uma “distração” no panorama mais amplo de melhorar a segurança do ciclista.

Ian Walker está de acordo. Quando se trata de prevenir acidentes, argumenta, “nada é mais seguro que a segregação total entre ciclistas e motoristas”.

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