2 de maio de 2024

Montanhas das Gerais: 3º dia da EF Goyaz 2013

Terceiro dia começando, o último da nossa viagem. Ali estava a dupla ansiedade, a de encarar a serra da Bucaina e de terminar a viagem. Bem que poderia durar mais uns dois dias.

Acordamos no hotel Chaparral e logo passamos em revista à tropa. O Demeure tinha dormido numa mini cama que só cabia criança. Ele deitado com as mãos cruzadas sobre a barriga parecia uma múmia de faraó dentro do sarcófago.

EF Goyaz

Até que agilizamos bem a arrumação para sair, logo toda a bagagem já estava dentro do carro. Uma sessão lava jato nas bikes, óleo nas correntes e chega a hora de pagar a conta. Suspense. Vinte pratas pra cada um e vamos atrás de uma padaria para o café da manhã.

Antes de sair de Cumari passamos na antiga estação de trem para alguns registros fotográficos. Ela foi reformada há alguns anos e funciona como biblioteca. Só que naquela dia/hora estava fechada. Ao lado um prédio mais novo e seguindo o mesmo estilo de construção que abrigava uma lanchonete. Em volta uma bela pracinha e um campo de futebol.

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Enquanto estávamos na praça chegou um senhor para conversar com a gente. Falamos um pouco da viagem, dos trens e ele nos informou que bem próximo à saída de Cumari tinha um viaduto da estrada de ferro e que era bem alto. Nos deu as informações básicas para chegar lá. Metade eu não absorvi. Resolvemos sair em busca.

Tinha que pegar a saída de terra, virava pra cá no primeiro mata-burro, no outro virava pra lá. Não sei. Como eu fiquei escalado de dirigir o carro na manhã eu fui na frente procurando o caminho enquanto Isa, Ramon e Demeure iam de bicicleta.

Nessas idas e vindas encontrei a ferrovia, perguntei aqui e ali, cheguei a uma fazenda onde o morador me indicou o caminho certo. E logo atrás chegaram os três pedaladores. Paramos o carro, desci minha bike e fomos todos pedalando.

Chegamos na fazenda vizinha onde um homem consertava o curral e um menino acompanhava tudo. Os dois bem simpáticos nos indicaram o caminho até o viaduto. Logo ouvimos o apito do trem que estava chegando. Disseram que não daria tempo de chegar lá então ficamos vendo ele passar dali do curral mesmo.

Mais uma foto, um pouco de prosa e pegamos o caminho pelo cercado que estava cheio de bezerros. é muito bacana, você vai andando e os bichos vão contornando em grupo. Logo depois que passamos o Ramon veio contar que a bezerrada arrebentou a cerca de arame liso e foi para outra área. Perdi a cena.

Pegamos uma estradinha bem ruim, descida inclinada e cheia de buracos. Mas em 5 minutos estávamos em baixo do viaduto que eu pensei que seria mais alto. Tava valendo. Acho até que dava tempo de ter chegado ali quando ouvimos o apito do trem. Mais algumas fotos.

E a surpresa? Ouvimos outro apito de trem. O primeiro tinha descido e agora parecia que vinha um outro subindo a linha. Demos sorte de acompanhar a cena.

Missão cumprida. Vimos o viaduto e um trem passando. Agora era retomar a viagem que o horário está bem além do que tínhamos pensado. E vinha uma subidinha boa. Logo chegamos na primeira fazenda, onde o carro estava parado. Pausa pro café, pegar água gelada e dois dedinhos de prosa. É impressionante como no interior somos sempre bem recebidos.

De novo pé na estrada até a entrada de Cumari e dali pegar a saída para Anhanguera, última cidade goiano do nosso caminho e onde iríamos almoçar antes de subir a serra mineira.

Seriam mais 11 km de asfalto até chegar na divisa dos estados. Algumas subidas, o sol quente e o povo animado. Pra mim estava ótimo, tranquilo dentro do carro. Depos do almoço o Ramon assumiria o volante e eu subiria a serra pedalando.

Rapidinho chegamos em Anhanguera e fizemos um city tour que não demorou muito pelo tamanho da cidade. Paramos na igreja e depois fomos procurar onde almoçar. Achamos um restaurante na beira do rio com vista pra Minas Gerais.

Almoço almoçado, mudança na ordem das coisas e vamos pegar a balsa. Primeiro subir tudinho até o começo da cidade e pegar a terra em direção ao rio. Esperar a balsa e sair em Minas já pedalando.

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Travessia rápida e chegamos nas Gerais. Agora começou a brincadeira, subir a serra. Começa de leve, com subidas e descidas leves se alternando. Incrível é o movimento de caminhões carregando areia retiradas do rio Paranaíba. Seguimos eu e Demeure na frente e a Isa mais atrás com o Ramon acompanhando de carro.

O sol da tarde fica muito mais bonito e assim paramos para tirar algumas fotos das paisagens das fazendas.

Nosso ritmo está bom considerando o terreno mas temos que regular a água já que o carro de apoio está bem mais atrás. Paramos em uma bela casa antiga de fazenda para pedir água mas estava vazia, ninguém atendeu. O jeito foi seguir em frente.

Paramos num pequeno rio que marcava o fim da parte “tranquila” da serra. A partir dali teremos 4 km bem inclinados para terminar o sofrimento. Em pouco mais de uma hora cobrimos os 18 km até o rio.

Depois de 10 minutos chega o Ramon no carro e fala que a Isa ainda estava muito pra trás. Outros 10 minutos e ela chega para o piquenique. Garrafas cheias e tudo pronto pra continuar e encarar o melhor da viagem.

O ritmo caiu bem por conta das subidas mesmo assim vínhamos bem. Depois de 2 km, metade da subida forte, fizemos uma pausa pra pegar fôlego e praz coxas pararem de arder. Aí olhamos pra trás e lá vem o carro vermelho com duas bicicletas em cima. A Isa só deu conta de subir um km e o Ramon nem quis arriscar.

Uma tentativa frustada de subir segurando no carro me convenceu que ia ter que ser no método tradicional, pedalando. Só faltavam 2 km pra subir dar uma amenizada. E foi menos sofrido do que três anos antes.

Logo a inclinação começou a diminuir bem e olhando em volta não dava mais pra ver pra onde subir. Estávamos no topo da serra. Terra batida, quase plana e a velocidade aumentou. Logo chegamos na cidade de Amanhece.

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De novo colocamos a bicicleta da Isa no chão para ela chegar pedalando em Araguari. Passamos pela antiga estação de trem local que no momento servia de acampamento cigano.

Até Araguari foram 13 km de asfalto, vim na frente com o Demeure, trocando roda, fazendo vácuo e andando a quase 30 km por hora. Estava bem legal. Chegando na cidade reagrupamos e fomos seguindo o gps até o hotel. Lá a esposa do Demeure, a Adriana, já nos esperava.

Fim da viagem. Agora era relaxar, tomar banho, sair pra jantar picanha e dormir. O Demeure voltou nesse mesmo dia com a esposa, eu voltei de ônibus no dia seguinte e o Ramon e a Isa vieram de carro.

A viagem foi ótima, sem nenhum problema, pessoas mais do que agradáveis. Ficaram as lembranças e a cabeça matutando pra onde será a próxima. Bons companheiros de pedal eu sei que tenho, falta só traçar o caminho.

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Publicado originalmente no Blog Vim Pedalando de Silvio Sá.

Sobre o autor

Silvio Sá é engenheiro florestal e colaborador do website MTB Brasília
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